quarta-feira, 7 de maio de 2008

O AFECTO NA IDADE MÉDIA



Fonte:www.ricardocosta.com/pub/amor.htm - Detalhe da decoração do teto (em madeira) do claustro da abadia de Sto. Domingo de Silos (século XV - Burgos).

O casamento na idade média

Nos séculos IX e X as uniões matrimoniais eram constantemente combinadas, sem o consentimento da mulher que, na maioria das vezes era muito jovem. A sua pouca idade era um dos motivos da falta de importância que os pais (homens) davam á sua opinião. Essa total falta de importância dada à opinião da mulher resultava muitas vezes em raptos. Como o consentimento da mulher não era exigido, o rapto garantia o casamento e ela deveria permanecer ligada a ele, o que era bastante difícil, pois, os homens não davam importância á fidelidade. Isso acontecia, talvez principalmente pelo facto de a mulher não poder exigir nada do homem e de não haver uma conduta moral que proibisse tal acto.
Outras vezes o rapto servia como meio de fuga aos casamentos arranjados. A jovem que tinha um casamento já marcado forçosamente, sem o seu consentimento, com um homem que nem sequer conhecia, simulava um rapto fugindo com o homem desejado.
Outro método arranjado para uma mulher fugir ao casamento arranjado era seguir a vida religiosa. Negavam o casamento por amor a Deus.
A fuga de um casamento era algo grave para as famílias pois envolvia muitas riquezas, ou seja, aquele que desistisse do casamento por rebeldia, haveria uma espécie de multa a ser paga pela família da pessoa que desistisse do casamento, portanto deveria haver um motivo muito forte para os fugitivos. Isso constituía mais uma pressão sobre os futuros noivos para a realização do casamento.


A evolução…

A reforma Gregoriana mudou rapidamente o comportamento da Igreja frente a vários aspectos, inclusive os casamentos. Aconteceram várias discussões para decidir as concepções que a igreja teria acerca de certos assuntos. Sobre o casamento houve, entre outros, o debate entre clérigos Pedro Lombardo e Graciano. Pedro defendia a ideia de que o casamento deveria ser um contrato, ou seja, as palavras ditas á frente de testemunhos na hora do casamento é que deveriam unir o casal. As promessas e palavras ditas antes do casamento não efectuavam a união dos conjugues.Já Graciano dizia que a intenção era mais importante que as palavras, portanto a união poderia realizar-se mesmo antes do casamento. A promessa de um casamento e a relação sexual já equivaleriam ao matrimónio.
Finalmente, ficou decidido que o casamento seria um contrato público, podendo-se assim perceber a permanência da falta de importância dada ao amor, seja entre conjugues ou o amor de uma mulher por Deus.

A cortesia medieval era uma qualidade mundana, uma virtude essencialmente laica e que dizia respeito ao comportamento social daqueles que compartilhavam a vida nas cortes reais e principescas dos castelos que se multiplicaram no século XII. Era a
Cultura das elites, ´rópria das cortes. Mais do que isso, era um refinamento de costumes, um controle mais rigoroso das pulsões, uma polidez, uma arte de viver, uma sociabilidade e, principalmente, uma fina educação para com a mulher.Ser amável, educado e fino. Saber expressar seu amor de forma gentil: essa foi a primeira e principal fase na transição do homem-guerreiro para o cortesão. Esse era o novo-homem cortês do século XII, um cavaleiro que caminhava a passos largos para se tornar um cavalheiro. Essa revolução silenciosa e amorosa foi tão profunda na história do ocidente que os termos que expressam hoje o nosso amor romântico e o ambiente sedutor que definem o envolvimento entre duas pessoas de sexos opostos surgiram na primeira metade do século XII. Sem dúvida, trata-se de uma grande transformação histórica que elevou a condição feminina!

Como eram tratadas as mulheres?

A primeira pergunta que se deve fazer para melhor se avaliar o impacto do nascimento do amor é: como os homens tratavam as mulheres antes do século XII? Parece ser consenso entre os historiadores que, a mulher não era tratada com qualquer tipo de ternura, muito pelo contrário. Por um lado, a Igreja tinha um discurso regularmente misógino, apesar de, pelo menos desde o século IX, colocar a mulher juridicamente em pé de igualdade com o marido. E não só em pé de igualdade jurídica, mas também de humanidade: ainda no século VIII as populações acreditavam que as mulheres possuíam relação e influência sobre os eclipses lunares! A Igreja lutou contra essa concepção mágica feminina, e tentou fazer prevalecer o conceito de igualdade entre os sexos. A mulher era vista como um ser humano não cósmico, pois muitos acreditavam que a mulher dominava as forças da natureza, que era um mistério - benéfico mas sobretudo maléfico.Acreditavam que o maior poder da mulher era dominar o amor, visto então como um sentimento negativo, o oposto da caridade. Para aplacar essa angústia coletiva, oferecia-se aos jovens casados uma taça de hidromel (álcool do mel fermentado), um tranqüilizante que era considerado um antifiltro de amor, um antídoto contra aquele impulso negativo e destruidor (por esse motivo surgiu a expressão “lua-de-mel”). Para muitos, o amor era uma força subversiva, um desejo devorador que deveria ser combatido. Por outro lado, vivendo em uma sociedade que enaltecia a força viril masculina, no mundo laico seu espaço era bastante restrito. Sua função básica era procriar. E apanhar. Ainda no tempo de Filipe II Augusto (1180-1223), o gesto de violência mais comum era o soco no nariz.
A situação feminina era ainda pior nas camadas sociais inferiores (burgueses e camponeses). Naturalmente, a descoberta da cortesia nas classes altas do século XII não se difundiu rapidamente por todo o corpo social. Um homem não cometia nenhuma infração jurídica se batesse em sua mulher, desde que não a matasse.Ainda no século XIV, os camponeses de Montaillou batiam nas suas mulheres regularmente. Naturalmente elas tinham medo, muito medo deles. Além disso, as agressões verbais eram freqüentes. Os textos inquisitoriais, são um desfile de grosserias com o sexo feminino. Essa violência - física e verbal - contra as mulheres perdurou ao longo dos tempos.




Trabalho realizado pela Vânia 12º C

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